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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Mensagem de Boas Festas!

Desejamos a todos os membros da comunidade Ceratocone e Tratamentos, a todos os que tem ceratocone e visitam este blog na busca de informações, a todos os parentes que procuram ajudar o familiar com ceratocone, aos médicos oftalmologistas, aos assistentes e colaboradores, aos laboratórios e aos fabricantes de lentes e equipamentos para oftalmologia.

Feliz Natal e um 2010 melhor para todos!

sábado, 14 de novembro de 2009

Desenvolvimentos Atuais no Estudo do Ceratocone

CLS Issue: September 2009

O ceratocone é uma patologia difícil de compreender. Nós já conhecemos essa doença há 150 anos. As primeiras referências apareceram na literatura médica no século 19 (Nottingham, 1854). Nós ainda não temos a cura, não entendemos sua causa e não sabemos exatamente onde ela inicia. A lente de contato causa as cicatrizes que vemos em pacientes com ceratocone? O ceratocone unilateral realmente existe? Qual o tipo de transplante, quando indicado, é a melhor opção? Estas são algumas das muitas questões que pedem respostas, e de fato são colocadas pelos pacientes.Novas descobertas na área da pesquisa do ceratocone foram anunciadas recentemente e estas podem ser significativas para a prática clínica. O propósito do artigo é discutir estas novas informações as quais acidentalmente irão responder a algumas destas questões.


Comentário do Tradutor:

Embora pouco se saiba em torno de muitas questões relacionadas ao ceratocone, algumas respostas podem ser dadas. Entre elas a de que a adaptação de uma lente RGP especial com desenho bem feito, de alta qualidade e tecnologia, com um bom acompanhamento do paciente pelo seu médico, jamais irá causar lesões e cicatrizes na córnea. Geralmente lesões corneanas em pacientes com ceratocone decorrentes do uso de lentes de contato RGPs (rígidas gás permeáveis) ocorrem por lentes de qualidade sofrível ou pelo avanço da ectasia corneana que irá gerar toque no ápice da córnea. A adaptação de lente pela técnica dos três toques (na minha opinião ultrapassada) é freqüente causa de pequenas lesões no ápice da córnea. O ceratocone unilateral existe em pelo menos 10% dos casos de ceratocone e pode estar ou não associado a um olho emétrope ou com baixa miopia e astigmatismo.
Sobre as técnicas de transplante, um cirurgião experiente e com treinamento nas diferentes técnicas disponíveis atualmente pode avaliar a possibilidade de um procedimento menos invasivo como a Ceratoplastia Lamellar Profunda ou a de uma Ceratoplastia Penetrante (convencional). É importante mencionar que nem todos os cirurgiões dominam todas as técnicas, é importante o paciente pesquisar e discutir o assunto com seu oftalmologista e nunca é demais uma segunda opinião.



Crosslinking Estromal Corneano

Poucos anos atrás a combinação da exposição da córnea a uma solução de riboflavina e radiação ultravioleta (UVA) foi lançada na Europa como tratamento do ceratocone (Dresden, Alemanha). Este procedimento, utilizando raio ultravioleta A (UVA) a um comprimento de onda de 370 nm (nanometer) está atualmente sob investigação e testes clínicos pela Federal and Drug Administration (FDA-US). Um seleto número de clínicas está organizando-se para selecionar a demanda do público potencial para os testes. É importante para os profissionais saberem onde esta promissora mas não totalmente explorada nova técnica se encontra, para que nós possamos manter nossos pacientes informados sem levantar esperanças que podem mais tarde serem frustradas.


O principal objetivo do procedimento crosslinking (riboflavina-UVA), possivelmente com um foto-sensibilizador (efeito catalizador), é obter o fortalecimento das fibras de colágeno do estroma. O crosslinking do colágeno tem a finalidade de aumentar a resistência biomecânica da córnea, contrariando a tendência a formação e progressão da ectasia corneana. Para obter estes efeito desejado da riboflavina, é essencial a remoção do epitélio da córnea. Outros métodos como o uso de anestésico tópico para inibir as junções apertadas do epitélio não permitem que quantidades adequadas de riboflavina possam fluir para a córnea (Hayes et al, 2008).


Como mencionado anteriormente, o comprimento de onda escolhido para a irradiação de ultravioleta é de 370 nm., que situa-se na banda de UVA. O raio ultravioleta A é maior o comprimento de onda existente e acredita-se que não seja tão tóxico como o ultravioleta B (UVB). Entretanto a córnea tem uma transparência de 90% para um comprimento de onda de 370 nm o que significa que raios desta intensidade irão passar diretamente através da córnea e serão absorvidos completamente pelo cristalino (Bergmanson 2009). (Ver Figura 1)


Figure 1. Ocular UVR transmittance. Published with permission from Walsh, Bergmanson, Harmey in: Bergmanson JPG. Clinical Ocular Anatomy and Physiology, 16th edition, 2009. ISBN-13: 978-0-9800708-1-1.


Aqui é onde a riboflavina 0,1% em solução dextran T500 20% entra em cena. A riboflavina irá absorver os 370 nm de comprimento de onda do UVA e quando presente na topicamente na córnea irá facilitar a absorção necessária para obter o crosslinking do colágeno necessário. Acidentalmente a riboflavina pode servir como um agente catalizador fotossensível, produzindo radicais livres de oxigênio e participando do processo do crosslinking.


A DOSAGEM DE UVA É SEGURA?

Apesar das propriedades de absorção da riboflavina, a sua peresença não irá tornar a córnea opaca ao UVA @ 370nm. Como conseqüência, é possível que 50% do raio UVA atinja e seja absorvido pelo cristalino. Isso é problemático porque pode ser uma dose excessiva resultando em formação de catarata que pode levar anos para desenvolver. Dados científicos detalhados sobre a toxicidade ou não toxicidade desta irradiação é essencial.
Há algumas questões a serem resolvidas. A dose selecionada de UVA é baseada em um nível de energia de 3mW/cm2 expostos por 30 minutos, o que leva a uma dose de 5.4J/cm2 (Wollensak et al, 2003; Coskunseven et al, 2009; Vinciguerra et al, 2009). Isso é 30 vezes maior do que o sol emite a este comprimento de onda. Compare isso com a margem para trauma corneano para uma mais tóxica exposição de UVB (300 nm), que é which is 0.08J/cm2 (Pitts et al, 1987) ou uma dose 68 vezes mais fraca do que 5.4J/cm2. Um estudo histológico in vivo em coelhos expostos mostaram que a radiação UVA a este comprimento de onda e a esta dose causaram uma completa perda endotelial e de keratócitos na área exposta (Wollensak et al, 2007). A córnea do coelho pode ter menos de 400 micras de espessura estromal, mas este estudo claramente demonstra a toxicidade corneana a esta dosagem de radiação de 370 nm.
Claro que a a radiação UVB é mais tóxica que a UVA, mas infelizmente nós não temos uma quantidade de dados confiáveis sobre a toxicidade da radiação UVA. Desta maneira há ainda questões não respondidas em relação a segurança deste procedimento. Para conter a possibilidade da radiação UVA de atravessar a córnea, uma regra geral aplicada é de que a córnea precisa ter uma espessura estromal de no mínimo 400 μm (micras), o que por si mesmo contraindica o procedimento a uma proporção substancial de pacientes com ceratocone.


QUANTO EFETIVO É O PROCEDIMENTO?

Os resultados clínicos dos estudos deste procedimento são de curto-prazo, embora alguns pacientes tenham já acompanhamento de mais de 4 anos (Tabelas 1 e 2).




Nós teremos que aguardar por estudos de longo prazo de bem maior duração que estes. O que nós aprendemos até aqui? Uma pequena diminuição na miopia e um modesto aplanamento da curvatura parecem ocorrer de forma consistente. Entretanto para um miope de -8.00 o qual tem uma leitura ceratométrica de 52 D (dioptrias), uma ou duas dioptrias de redução da miopia ou aplanamento corneano não terão grande impacto. Os resultados iniciais indicam que o efeito do crosslinking são estáveis. Se por um acaso a rigidez corneana aumentada for gradualmente perdida ao longo dos anos, uma re-exposição poderá ser necessária.
Como conclusão a técnica de tratamento do crosslinking por riboflavina-UVA para o ceratocone mostra-se promissora, embora gere algumas significativas preocupações. Até o momento ela parece deter a progressão do ceratocone, porém ela não oferece uma significativa melhora da condição. De toda forma esta é uma opção que os pacientes com ceratocone devem ter se a eficácia e especialmente a segurança possam ser comprovadas.




Comentário do Tradutor:

Os paciente tratados com crosslinking ainda poderão necessitar do uso de óculos (quando possível) ou de lentes de contato especiais para a melhor acuidade visual, e os mesmos cuidados devem ser tomados para a adaptação de lentes de contato RGPs que possam proporcionar a melhor acuidade visual com conforto para o paciente e assegurando-lhe a saúde fisiológica da córnea.


Caso esta terapia seja tornada um procedimento viável e popular, a questão que irá surgir é se a combinação da exposição de radiação UVA @ 370 nm utilizada em salas de bronzeamento coletivas e formulação tópica de vitamina B2 serão também definição de cirurgia (EUA). Este deverá ser um debate interessante.


Figure 2. Light micrograph showing the loss of the anterior limiting lamina (ALL) over a wide area. An arrow indicates where this layer is lost. The removal of ALL typically leads to epithelial thickness variations that are also evident in this view. Magnification approximately X200.

Comentário do Tradutor:

Embora os autores não tenham comentado sobre esta questão, o procedimento de crosslinking de colágeno de córnea com riboflavina sob radiação ultravioleta A é indicado também somente nos casos onde há constatação inequívoca de que a condição encontra-se em estágio de progressão. É igualmente importante mencionar que o ceratocone geralmente inicia o processo de estabilização em torno dos 25 anos de idade na maior parte dos pacientes, sendo que somente um percentual reduzido destes irá ter progressão indefinida e precisará recorrer ao transplante de córnea no futuro. Uma das maiores causas de indicação de transplante também é o fato de que os pacientes não tem a oportunidade de testar lentes que sejam confortáveis, que ofereçam uma boa visão e especialmente permitam preservar a saúde fisiológica da córnea. Alguns destes pacientes consultam com diferentes especialistas e mesmo assim não tem a sorte de encontrar aqueles que irão conseguir uma boa adaptação. Essa é a razão também para acreditarem que todas as lentes são difíceis de se adaptar, o que não é verdade, e que somente o transplante irá resolver o caso deles.

Outro fator importante é que o ideal para o paciente candidato a transplante é que ele possa protelar ao máximo este procedimento. Dois fatores reforçam esta recomendação: o primeiro é que o índice de rejeições parece ser inversamente proporcional a idade do paciente, quanto mais idade menores os riscos de rejeição; o segundo é que nem sempre a córnea doada terá a mesma sobrevida que a córnea do paciente. É possível que com 20 anos ou mais após o procedimento a córnea possa apresentar perda de transparência e opacidade que pode levar o mesmo a necessidade de um segundo transplante em uma idade a qual ele está em franca capacidade produtiva, no meio de uma carreira profissional por exemplo, o que pode prejudicar sua vida no âmbito social e profissional.

HISTOPATOLOGIA DO CERATOCONE

Surpreendemente a literatura é pobre de descrições sistemáticas e morfométricas a nível microscópico. A maior parte dos estudos histopatológicos são simples revisões e carecem de morfometria. A histopatologia utilizando microscópico de eletro-transmissão permitem um observador ver o tecido anormal a um nível celular ou subcelular. Quando esta metodologia é empregada em combinação com medidas cuidadosas em amostras múltiplas, nós podemos aprender importantes lições sobre uma doença. Temos perseguido o desconhecido e inexplorado e feito proveitoso progresso sobre o qual podemos revelar aqui. Este novo entendimento pode ser aplicado diretamente a prática clínica.

Nosso trabalho tem mostrado claramente que ao menos inicialmente o ceratocone é uma doença com foco na cornea anterior. Todavia toda a córnea torna-se envolvida. Embora a literatura descreva quebras, rupturas e danos na lâmina anterior (ALL) (Leibowitz and Waring, 1998; Rabinowitz, 2005), nosso estudo tem revelado um bem maior envolvimento da lamina limite anterior (ALL = Anterior Limit Lamina) na fisiopatologia do ceratocone. Centralmente no cone, mais de 50% de toda a ALL é afetada, e nas áreas sobrepostas ela é completamente perdida. (Figure 2) (Horne et al, 2007).

A lamina limite anterior é a fundação na qual o epitélio é fixado. Isso explica o porquê dos pacientes com ceratocone terão de forma mais freqüente defeitos epiteliais que irão corar com a fluoresceína. Em adição a este dilema está o envolvimento epitelial nesta patologia corneana. De fato, foi proposto há 50 anos atrás que o ceratocone iniciava no epitélio (Teng, 1963). Nós não estamos prontos para dizer isso mas certamente é parte da patologia. A presença de células degenerativas, não saudáveis, no epitélio podem somente adicionar para a fragilidade da superfície ocular dos pacientes com ceratocone. Por esta razão que nós recomendamos o livramento apical sempre que possível quando adaptamos lentes rígidas gás permeáveis em córneas com ceratocone. A lente escleral que tipicamente encobre a córnea totalmente em especial a área cônica é também uma boa maneira de adaptar estes pacientes. Desta modo nós reduzimos o estresse mecânico em uma área patológica já enfraquecida.

Comentário do Tradutor:

Essa questão da preservação do ápice corneano comentado pelos autores é um assunto debatido há muitos anos (algumas décadas) tanto nos EUA como no Brasil. O oftalmologista gaucho Dr. Saul Bastos, inúmeras vezes comentou em suas palestras sobre a necessidade de preservar a córnea evitando a tão chamada adaptação de lente em três toques no ceratocone. Essa sem dúvida é a razão pela qual temos vários pacientes adaptados com lentes em ceratocone com acompanhamento de mais de 30 anos sem nenhuma lesão epitelial decorrente do uso de lentes de boa qualidade e bem adaptadas sem tocar a córnea em seu ápice.


A retirada de toda a lamina limite anterior é realizada com a ajuda de células recrutadas de áreas além da córnea (Figura 3) (Mathew et al, 2009). O que estas células são, de onde elas vêm e o que exatamente elas estão fazendo é o foco de estudos futuros em nosso laboratório.


Figure 3. Transmission electron micrograph of a non-corneal cell (triangle) in the anterior stroma. This undocumented corneal visitor has an intimate relationship with a keratocyte (arrow).


Quando a remoção é completa e toda a lâmina limite anterior some, uma cicatriz é frequentemente toma lugar para servir como uma interface entre o estroma e o epitélio. Esta é a nossa explicação para a cicatriz subepitelial anterior tão tipicamente observada no ceratocone. É a nossa opinião que esta cicatriz corneana não tem nenhuma relação com o uso de lentes de contato mas resulta da progressão de uma doença. Novamente é aconselhável manter esta livre esta parte da córnea na adaptação de lentes de contato. Depois de tudo, nós não queremos colocar maior estresse nesta região já severamente atingida.
Por causa que a maior parte dos eventos no ceratocone ocorrem anteriormente na córnea (Horne et al, 2007), pode ser vantajoso para o paciente que requer transplante de córnea considerar a possibilidade de uma ceratoplastia lamelar. Atualmente, a ceratoplastia penetrante parece ser o procedimento cirúrgico padrão para o ceratocone. Um estudo recente do Texas Eye Research and Technology Center demonstrou que não há vantagem visual da ceratoplastia penetrante sobre a ceratoplastia lamelar (Nielson et al, 2009). Entretanto a cirurgia da ceratoplastia lamelar oferece importantes vantagens naqueles casos nos quais a rejeição é um evento altamente não desejável, a estrutura do globo é mantida e o tempo de cicatrização é reduzido em relação a ceratoplastia penetrante.
Olhando para o Futuro
Atualmente estamos pesquisando a organização lamelar e estamos próximos de explicar como a ectasia ocorre. Nós sabemos que o processo da doença causa uma perda de lâmina limite anterior e uma entrelasse na lamela estromal anterior, todos podem contribuir para o afinamento da córnea. Contudo, mesmo com estas perdas, nós verificamos um surpreendente aumento do número geral de lamelas encontrados nas córneas com ceratocone (Mathew et al, 2009). A razão para este aumento é que as lamelas dividiram-se em unidades menores. Esta descoberta desta sobre a lamela estromal pode ser um fator importante faltando na explicação da ectasia no ceratocone e na ceratoectasia induzida pós-cirurgia refrativa, a qual não pode ser explicada pelo simples afinamento sozinho da córnea. Esta fragmentação lamelar possivelmente leva a um enfraquecimento geral da estrutura biomecânica da córnea, provocando a ectasia.


CLS
By Jan P.G. Bergmanson, OD, PhD, PhD h.c, DSc, & Jessica H. Mathew, OD
Tradução e Comentários: Luciano Bastos (IOSB)
Tradução Publicada Originalmente no Fórum de Reabilitação Visual Ultralentes

sábado, 31 de outubro de 2009

Ceratocone e Crosslinking

A agência americana Food & Drug Administration (FDA) recentemente permitiu o início de três estudos clínicos nos Estados Unidos para avaliar a segurança e a efetividade do cruzamento de riboflavina (vitamina) luz ultravioleta A (UVA) em pacientes com ceratocone progressivo e em ceratoectasia (ECTASIA CORNEANA POSTERIOR A PRÉVIA CIRURGIA REFRATIVA). Os primeiros pacientes foram tratados nos Estados Unidos eplo Dr. R. Doyle Stulting, MD, PhD, na Universidade Emory como parte de um estudo médico patrocinado no início de Janeiro de 2009. "Nós estamos extremamente excitados para iniciar os estudos clínicos com o crosslinking. Pode ser uma maneira de curar uma patologia em seu início e que não tem corrente tratamento e que é responsável por 15% dos transplantes de córnea realizados nos Estados Unidos" diz Dr. Stulting, Diretor Médico para o programa de crosslinking e Investigador Principal para o Physician-Spensored IND.










Fig.1 Camadas da córnea com menos crosslinking Fig.2 Camadas da córnea com maior crosslinking

Os dois estudos multicêntricos, um para ceratocone progressivo e outro para a ceratoectasia pós-cirurgia refrativa, são patrocinados pela empresa Peschke Meditrade GmbH com base na Suiça. Até a presente data, existem 10 centros de estudos nos EUA (veja a lista no fial do texto). Todos os estudos são testes clínicos controlados e randômicos para determinar a segurança e efetividade do sistema de iluminação UV-X™ para realizar o cruzamento de colágeno de córnea (Corneal Collagen Crosslinking - CXL) em olhos com ectasia corneana ou ceratocone progressivo. Espera-se para os testes incluir 160 pacientes com ectasia corneana. Os estudos irão comparar o efeito da Riboflavina/Luz UVA (Grupo do CXL) com outro grupo com somente Riboflavina (grupo de controle). Nos estudos realizados nos EUA, o crosslinking de colágeno de córnea é realizado pela remoção do epitélio corneano ("epi-off") e aplicando-se gotas de Riboflavina no olho. Após a córnea ser saturada com a Riboflavina, o olho é exposto a luz ultravioleta (UVA). A luz UVA interage com a Riboflavina, produzindo moléculas de oxigênio reativas que causam a formação de um enlace químico entre e com as fibras de colágeno de córnea, tornando-as mais fortes.

Entre 3 a 6 meses, os pacientes os quais o olho tratado não tenham desenvolvido nenhuma contraindicação para a realização do tratamento pelo CXL será dada a opção de ter o procedimento realizado no olho não tratado e olhos que foram randomizados para o grupo de controle. Todos os olhos serão acompanhados por 12 meses após o procedimento do crosslinking (CXL). Aplicações clínicas de cross-linking de colágeno de córnea incluem o tratamento de condições distintivas na estrutura corneana, como ectasia pós-LASIK, ceratocone progressivo e Degeneração Marginal Pelúcida (DMP), entretanto esta última não está incluida neste estudo. O ceratocone é uma condição de ocorrência ocular natural caracterizada pelo progressivo afinamento e aumento da curvatura central da córnea, resultando em aumento da miopia, do astigmatismo irregular e da eventual perda da melhor acuidade visual corrigida por óculos. Lentes de contato rígidas com desenhos especiais são utilizadas para aprimorar a acuidade visual na maioria dos pacientes, entretanto muitos pacientes não tem a oportunidade de encontrar lentes de boa qualidade e tecnologia ou o seu caso progride ao ponto de que o transplante de córnea é requerido para reestabelecer a visão útil. O ceratocone pode reocorrer após um transplante de córnea e requerer uma nova cirurgia de transplante.

Juntos, o ceratocone e a ceratoectasia pós-cirurgia refrativa são a segunda mais freqüente indicação para transplante de córnea, com cerca de 15% dos transplantes de córnea realizados nos Estados Unidos. O transplante de córnea tem os riscos inerentes que podem resultar na perda de visão e causar um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes durante a fase de recuperação, com perda de tempo de trabalho e freqüentemente alterações permanentes no seu estilo de vida. Qualquer modalidade de tratamento, como o cross-linking de colágeno de córnea ou a adaptação de lentes RGPs especiais e que pode postergar ou prevenir o transplante de córnea nestes pacientes com estas condições é de grande benefício. Ate a presente data não há terapia médica disponível nos Estados Unidos que controle a progressão do ceratocone e da ceratoectasia induzida pós-cirurgia refrativa. O cross-linking de colágeno de córnea utilizando luz UVA com Riboflavina fotosensitizadora para fortalecer o tecido corneano tem mostrado sucesso internacionalmente na estabilização da curvatura corneana e diminuindo ou detendo a progressão do ceratocone e das ectasias de córnea. Os dados disponíveis atualmente, dados não publicados e observações pessoais por investigadores internacionais e esses cirurgiões nos EUA que estão acompanhando os pacientes que tem viajado internacionalmente para realizar o procedimento realizado fazem um argumento convincente que o cross-linking é significativamente mais seguro do que o transplante de córnea. Baseados nos dados disponíveis, o cross-linking de colágeno de córnea oferece um tratamento para a doença que atualmente não dispõe de nenhum tratamento real exceto o transplante de córnea e o implante de segmentos de anel intra-estromal.

Entretanto é importante mencionar que geralmente o ceratocone progride até aproximadamente os 25 anos do paciente e partir daí começa a ocorrer o processo natural do fortalecimento das fibras de colágeno da córnea, e portanto pacientes bem adaptados a lentes RGPs de alta qualidade e tecnologia contam com o mais seguro tratamento de correção visual para o ceratocone e as para ectasias pós-cirúrgicas por ser o tratamento menos invasivo. Até a presente data a única ocorrência adversa relatada após o cross-linking tem sido o edema de córnea em olhos tratados com espessura corneana menor de 400 micras, presumidamente causado por danos da luz ultravioleta (UV) ao endotélio corrneano. Uma contraindicação a este procedimento são pacientes com paquimetria (espessura corneana) menor de 425 micras, valor considerdo por alguns especialistas o valor mínimo admissível para indicação clínica do procedimento. Experimentos subseqüentes levam a recomendação conservadora de que córneas não sejam tratadas a menos que elas tenham no mínimo 400 micras após o descobrimento do epitélio. Este é o protocolo de tratamento utilizado nos Estados Unidos.

Em outros estudos a regeneração dos nervos foi observada em um mês e a recolonização das fibras dos nervos em seis meses com restauração da sensibilidade corneana. Nenhuma alteração foi observada na região periférica em nenhum momento. A Riboflavina, também conhecida como vitamina B2, é um fotosensitizador de ocorrência natural. É o precursor do "flavin mononucleotide (FMN)" e "flavin adenine dinucleotide (FAD)", duas coenzimas que são cruciais para o metabolismo dos carbohidratos, gorduras e proteínas em energia. A riboflavina é constituinte essencial de todas as células vivas. É solúvel em água e somente uma amostra é encontrada no corpo humano. A Riboflavina não é tóxica e é utilizada como um agente de coloração em alimentos e medicamentos. Nenhum efeito adverso foi associado com a superdosagem de Riboflavina de aliemntos ou suplementos alimentares. A toxicidade potencial do raio UVA e da Riboflavina nos ceratócitos e no endotélio corneano tem sido avaliado por experimentos de laboratórios, nos quais culturas de células foram expostas a riboflavina sozinha, raio UVA somente e riboflavina em combinação com raio UVA. Em cada experimento, riboflavina sozinha foi não-tóxica; raio UVA sozinho mostrou um efeito citotóxico, e riboflavina em conjunto com luz UVA exibiu um efeito citotóxico a uma exposição que foi ~10 x menor do que a luz UVA sozinha.

Acredita-se que os danos celulares do endotélio e a toxicidade ceratóxica ocorre devido ao dano oxidativo causado pea reação de radicais livres de o(xigênio singlet oxygen, superoxide anion, hydrogen peroxide) que são gerados quando a riboflavina é irradiada. Os fenômenos de toxicitologia baixos observados na combinação do UVA com a riboflavina nos estudos das toxicitologias dos ceratócitos e células endoteliais são consistentes com o aumento da absorção da luz UVA na porção anterior corneana na presença da riboflavina. Por exemplo, 94% da incidência da luz UVA é absorvida nos 400 micras do estroma corneano na presença da riboflavina, como demonstrado no gráfico abaixo, onde somente 32% é absorvido com a aquela profundidade na ausência da riboflavina.

Absorção estromal da luz UVA com riboflavina


O procedimento de cross-linking com riboflavina sob luz UVA (CXL) está sob investigação nos EUA, mas resultados de testes clínicos internacionais indicam que o tratamento detém a progressão do ceratocone e das ectasias por promover uma maior estabilidade biomecânica da córnea, resultando em um pequeno aplanamento corneano e ligeira melhora na visão. Os efeitos parecem ser a longo prazo, com alguns pacientes em estudos de países Europeus sendo acompanhados por até 8 anos após os tratamentos.

  • Eric Donnenfeld, MD - Ophthalmic Consultants of Long Island - Rockville Centre and Garden City, NY
  • Dan Durrie, MD - Durrie Vision - Kansas City, KS
  • David Hardten, MD - Minnesota Eye Consultants - Minneapolis, MN
  • Peter Hersh, MD - Cornea and Laser Eye Institute - Teaneck, NJ
  • Marguerite McDonald, MD - Ophthalmic Consultants of Long Island - Rockville Centre and Garden City, NY
  • Francis Price, Jr., MD - Price Vision - Indianapolis, IN
  • David Schanzlin, MD - Shiley Eye Institute - La Jolla, California
  • Walter Stark, MD - John Hopkins University - Baltimore, MD
  • R. Doyle Stulting, MD, PhD - Emory University - Atlanta, GA
  • Stephen Trokel, MD - Columbia University - New York, NY
  • William Trattler, MD - Center for Excellence in Eye Care - Miami, FL


Fonte: 2009 National Keratoconus Foundation
Originalmente postado : Fórum Ultralentes
Tradução e Comentários: Luciano Bastos - IOSB

sexta-feira, 24 de julho de 2009

PESQUISAS SOBRE CERATOCONE (C&T)

A Comunidade Ceratocone e Tratamentos (C&T) do Orkut tem diversas enquetes postadas para que seus membros respondam e estes dados possam ser avaliados e assim forneçam mais informações a respeito da patologia do ceratocone. São mais de 4300 membros atualmente e muitos participam ativamente das discussões envolvendo o ceratocone, os métodos de diagnóstico e tratamentos disponíveis e em estudo. Abaixo exemplo de algumas enquetes postadas na C&T que servem para colaborar na compreensão de aspectos relacionados ao ceratocone:

Para participar da Comunidade Ceratocone e Tratamentos (C&T) do Orkut, você deve entrar em www.orkut.com e registrar-se primeiramente. Coloque o seu nome verdadeiro, não precisa colocar todo, mas não faça inscrições com nomes estranhos pois a comunidade não aceita perfis desse tipo. Após registrar-se no Orkut e ter colocado as informações que você quiser e escolher quais que quer que fiquem visíveis aos outros ou não, procure em "comunidades" digitando "Ceratocone e Tratamentos".

Clique em participar e aguarde os moderadores aprovarem a sua inscrição. Se tudo estiver correto, você será aprovado em questão de algumas horas. Depois de aprovado você poderá postar no fórum da comunidade onde há centenas de informações precisas e corretas sobre ceratocone as quais são amplamente verificadas na literatura médica oftalmológica mais atual sobre o ceratocone e os tratamentos dos tradicionais aos mais atuais. No fórum da comunidade há milhares de relatos de pessoas como você que tem ceratocone e que dividem suas experiências, frustrações e vitórias. Você pode participar dos tópicos já criados e poderá também criar um novo caso deseje. Há também um setor de enquetes (pesquisas) nas quais você pode responder ajudando no melhor entendimento de tudo o que envolve o ceratocone.

A Comunidade C&T do Orkut é uma comunidade séria e que propõe-se a ajudar a cada membro que precise a encontrar alternativas junto aos oftalmologistas especializados em tratamento do ceratocone, assim como trazer maiores informações e tranquilizar tanto pacientes como familiares que muitas vezes estão fragilizados pelo recente diagnóstico e pelo susto inicial.

Para ir direto a Comunidade C&T Orkut, clique neste link => C&T

Seja bem-vindo!

terça-feira, 19 de maio de 2009

Os Diferentes Tratamentos para o Ceratocone

Nos últimos anos, especialmente nesta última década, observou-se um progresso muito grande nas possibilidades de tratamento das ectasias corneanas em especial o Ceratocone, mas também para a Degeneração Marginal Pelúcida, para o ceratoglobo e também para as ceratoectasias resultantes de cirurgias refrativas (ceratocone induzido).

Óculos

Muitas vezes nos casos de ceratocone inicial a moderados é possível e desejável a prescrição de óculos de grau para estes pacientes. Hoje com os modernos materiais de lentes de alto índice de refração, lentes leves e resistentes, com armações de materiais modernos, leves e resistentes, é possível fazer prescrições de alto valor esférico e cilíndrico. Alguns pacientes podem tolerar bem a visão obtida, mas geralmente a lente de contato proporcionará uma qualidade de visão bem melhor, especialmente devido a visão periférica e ao campo visual, assim como a qualidade geral da visão.

Lentes de Contato

Conforme é possível encontrar com um pouco de pesquisa, encontra-se no Brasil algumas lentes especiais para ceratocone, todas elas lentes que variam em seus desenhos e que tem origem na lente Soper, originalmente desenvolvida nos EUA há mais de 40 anos atrás. Dentre as lentes disponíveis encontramos diferentes fabricantes que produzem uma lente baseada na lente Soper, cada uma com diferentes desenhos. Os nomes conhecidos são Dupla-face, Soper, Rose K e a Ultracone. É importante mencionar que os responsáveis pela criação da lente Ultracone (Dr. Saul Bastos e Luciano Bastos) foram os únicos de fato que trabalharam diretamente com o Soper, técnico especialista que desenvolveu estas lentes nos EUA. O Dr. Saul Bastos com os mestres Gilberto Arruda e filho, foi um dos médicos pioneiros no Brasil a adaptar a lente Soper e que a trouxe para o Brasil.

A lente Ultracone possui um desenho multi-asférico posterior e anterior que contém inúmeros avanços tecnológicos aplicados ao longo de mais de 40 anos de pesquisa clínica e científica realizados no IOSB e posteriormente no laboratório Ultralentes em Porto Alegre. Estas lentes podem ser adaptadas em casos de ceratocone extremos com picos de curvatura de mais de 80 dioptrias. A empresa que não faz propaganda, tem foco mais científico que comercial, por esta razão estas lentes são mais difíceis de serem encontradas. Os médicos que adaptam estas lentes são credenciados pelo laboratório. Os interessados precisam ser indicados por oftalmologistas já credenciados ou entrar em contato para avaliação.


Transplante de Córnea

Em relação aos métodos mais invasivos, o transplante de córnea foi o que talvez tenha mais evoluido. A melhora na qualidade das técnicas de captação, preservação e manuseio das córneas, assim como o avanço em relação as técnicas cirurgicas como a ceratoplastia penetrante, o transplante lamelar e de tempos para cá com o uso do Intralase, possibilitam aos médicos cirugiões e seus pacientes obter resultados cada vez melhores. Naturalmente os resultados não podem ser garantidos e se os óculos resolverem após a recuperação que pode levar de 6 meses (no caso do Intralase) até 18 meses (ceratoplastia penetrante) já é considerado um excelente resultado. Importante mencionar que a adaptação de lentes de contato RGPs pós-transplante ainda é largamente utilizada para que os pacientes possam obter a melhor acuidade visual, corrigindo o astigmatismo irregular que os óculos muitas vezes não conseguem corrigir.

Uma lente especial para este tipo de adaptação é a lente multi-asférica Ultraflat que proporciona excelentes resultados, é uma lente mais difícil de se conseguir mas os resultados são excelentes pois ela pode garantir bons resultados em córneas mesmo com grande irregularidade na sua superfície.

Outro aspecto a ser considerado no transplante de córnea é a idade do paciente e a sua indicação cirúrgica, pois pacientes muitos novos que não tenham opacidades (leucoma, nébulas ou cicatrizes) que não tenham resolvido (curado) e que justifique a indicação, podem ter maior incidência de complicações como maior percentual de índice de rejeição (Graft x Host Desease) até complicações tardias como a falência secundária das células endoteliais, ou mesmo a diminuição de transparência da córnea com algumas décadas, o que para um jovem hoje pode parecer uma solução, para um adulto pode ser uma grande complicação em sua fase mais ativa de sua vida, com implicações profissionais e de qualidade de vida, tendo que passar por novo transplante após este tempo.

Implante de Anel

Outra técnica que há alguns anos foi lançada com grande esperança por parte de médicos e pacientes foi o implante de segmentos de anel intracorneano (ou intraestromal). Embora o implante de anel tenha sido inventado no Instituto Barraquier para tratamento de miopias elevadas (nos EUA é conhecido como Intacs) esta técnica começou a ser utilizada para a redução e contenção do avanço do ceratocone, impedindo a sua progressão.

No Brasil, o oftalmologista Dr. Paulo Ferrara desenvolveu sua própria técnica e seu próprio desenho de anel, chamado Anel de Ferrara. Os resultados no entanto com o tempo mostraram-se limitados a uma pequena parcela dos pacientes submetidos a este procedimento, há referências na literatura médica de complicações como extrusão (expulsão de um ou dos dois segmentos da córnea) geralmente de um dos segmentos, depósitos de células mortas ao longo dos dutos, criando uma espécie de calcificação na região. Muitos pacientes queixam-se da presença de halos ou reflexos indesejados e que os impossibilitam de ter uma boa visão noturna, alguns inclusive ficando impedidos de dirigir a noite.

Os resultados dos implantes de anéis são controversos, uma vez que há muitos relatos de pessoas que tiveram resultados aquém de suas expecativas, e o que se vê nos eventos científicos é que os resultados tem frustado tanto médicos e pacientes. Entretanto há aqueles pacientes que tiveram excelentes resultados e que estão com boa acuidade visual, portanto isso dá legitimidade a técnica. Os demais que precisam de adaptação de lentes de contato enfrentam outros problemas, como o da dificuldade de adaptar lentes rígidas gás permeáveis pós-implante de anéis. Muitos médicos procuram na técnica do Piggyback (gelatinosa embaixo e uma rígida por cima) para superar estas limitações, mesmo sabendo que uma córnea operada e portanto já com alguma agressão (por mínima que seja) não irá provavelmente tolerar lentes hidrofílicas (gelatinosas) por muito tempo. Abre-se aí uma discussão saudável no uso de lentes descartáveis e nas modernas lentes de silicone hidrogel para esta técnica especificamente.

O IOSB (Instituto de Olhos Dr. Saul Bastos) em Porto Alegre, desenvolveu pioneiramente uma lente especial para adaptação pós-implante de anel, fabricada pela Ultralentes e chamada Ultracone PCR. Esta lente possibilita que a adaptação possa ser feita com êxito devido ao seu desenho multi-asférico de alta excentricidade e de curvas reversas, possibilitando um adequado padrão de adaptação, conforto, segurança e sucesso na adaptação.

Crosslinking (CXL)

O tratamento cruzado de colágeno de córnea com riboflavina sob luz ultravioleta é absolutamente novo no Brasil. Embora esta técnica desenvolvida em Dresden na Alemanha tenha seu início no começo da década, ainda são poucos os casos com mais de 5 anos de acompanhamento, e pouco se sabe se os resultados serão mantidos ou se poderá ocorrer alguma complicação tardia em 10, 20 ou mais anos. Não resta dúvidas de que é um tratamento promissor, mas é preciso um pouco de cautela para justificar a indicação que segundo o protocolo é de que existam evidências inequívocas de que o ceratocone esteja avançando no momento.

Ainda é relativamente pequena a quantidade de informação disponível sobre os resultados a longo prazo, as complicações geralmente são a presença de haze corneano que pode durar de duas semanas a três meses, ocasionando fotofobia em alguns pacientes durante este tempo. Alguns relatos de pacientes mostram que a dor sentida no pós-operatório é significativa, ficando o paciente por alguns dias necessitando o uso de medicamentos analgésicos.

A técnica consiste em remover o epitélio corneano, pingando gotas de riboflavina e administrando uma luz ultravioleta com intensidade e tempo controlados. A ação dos raios ultravioleta funciona como uma espécie de catalizador do processo de aumentar a resistência biomecânica da córnea, fortalecendo as fibras do colágeno da córnea, deixando-as com maior cruzamento e consequentemente maior firmeza. Este processo ocorre naturalmente com a córnea de todos os indivíduos na medida em que a pessoa envelhece, mas neste caso o processo visa em primeiro lugar garantir que o ceratocone seja impedido de progredir. A literatura disponível mostra que é possível no entanto uma diminuição do astigmatismo corneano em torno de 1.5 a 2.5 dioptrias o que possivelmente pode melhorar um pouco a acuidade visual, principalmente nos casos mais iniciais da patologia.

Tratamentos Combinados

Há alguns anos já são realizados na Europa tratamentos utilizando o implante de anel intracorneano e a posterior aplicação de crosslinking. Alguns médicos já inclusive experimentaram a aplicação de cirurgia refrativa após estes dois procedimentos, abrindo espaço para a discussão sobre a viabilidade de submeter a córnea, um delicado e nobre orgão, a tamanha sucessão de agressões, uma vez que todos estes procedimentos são pouco ou mais invasivos.

Conclusão

De todos os métodos de tratamento, os óculos seguidos de lentes de contato de alta tecnologia e qualidade são os tratamentos menos invasivos e mais seguros, que podem devolver aos pacientes uma melhor qualidade de vida normal, embora como foi dito cada um dos tratamentos possa ser bom para alguns indivíduos. A lente de contato, em especial as RGPs são em todos os casos, a única solução quando todos os demais métodos não resolvem. E tudo no fim acaba retornando para as lentes de contato, sempre que se fizer necessário.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Ceratocone e Cirurgia

É grande o número de pacientes diagnosticados com ceratocone que procura por alternativas cirúrgicas que possam resolver esta patologia. Embora hoje em dia seja possível contar com técnicas menos invasivas como implante de anéis intraestromais ou intracorneanos e mais recentemente com o crosslinking de colágeno de córnea com riboflavina, e também embora hoje em dia as técnicas cirúrgicas de transplante de córnea estejam muito evoluidas, é grande a desinformação em relação a estas alternativas.
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Os mais experientes especialistas sabem que as alternativas para o ceratocone devem passar obrigatoriamente pelos métodos mais simples e não cirúrgicos, como a prescrição de óculos, adaptação de lentes de contato quando estas alternativas forem possíveis. A correta indicação cirúrgica dos métodos menos invasivos deve obedecer alguns preceitos básicos, como a constatação inequívoca de progressão real da patologia e da idade do paciente, assim como a paquimetria (espessura da córnea) e a ausência de leucoma ou nébulas (opacidades corneanas) causadas por hidropsia ou pelo uso inadequado de lentes de contato, ou pelo uso de lentes de contato de qualidade sofrível.
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A indicação de transplante de córnea ou ceratoplastia deve ocorrer também obededendo alguns preceitos específicos, como a presença de opacidades corneanas (leucoma ou nébula), casos de evolução extrema onde lentes não ofereçam uma acuidade e qualidade visual aceitável ou que as lentes não possam ser adaptadas. Hoje em dia existem lentes que podem ser adaptadas mesmo nos casos mais extremos, desde que seja viável a acuidade visual obtida. As lentes Ultracone Advanced, Mini-Esclerais e Semi-Esclerais podem ser adaptadas com sucesso mesmo em casos de curvaturas acima de 70 dioptrias (ver artigo Designing Lenses for Advanced Keratoconus ou o artigo traduzido em Adaptação de Ceratocones Extremos).
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Outra indicação para alternativas cirúrgicas seja as menos invasivas e o transplante de córnea principalmente está naqueles pacientes inaptos a colocar e retirar lentes de contato, que não podem usar óculos. Pacientes que não tenham condições físicas, mentais ou que por uma questão sócio-econômica e cultural não possam ter uma higiêne e assepsia garantida para manipular lentes também são contra-indicados para adaptação e podem ter indicação para o transplante de córnea.
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Um fato que é lamentável, embora seja comum, é o fato de o paciente recém diagnosticado com ceratocone tenha a informação de que é candidato (futuro) ao transplante de córnea. Muitos pacientes desinformados pensam que um dia eles terão que submeter-se ao transplante de córnea, o que é uma informação absolutamente equivocada. Atualmente com a atual tecnologia dos fabricantes de lentes RGPs em geral, é possível adaptar lentes em casos desde os iniciais aos mais avançados, e o ceratocone tende a estabilizar a partir dos 25 anos do paciente. Entre os 30 e os 40 anos deve haver a estabilização completa da evolução do caso em até mais de 90% dos casos. Cerca de 10% ou menos terão necessidade real de transplante de córnea, desde devido aos problemas citados anteriormente.
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Por outro lado, os cirurgiões de córnea experientes em ceratoplastia sabem que o ideal é que o paciente aguarde o maior tempo possível para o transplante de córnea, pois quanto maior for a idade do paciente há uma redução significativa dos índices de rejeição e o paciente terá mais chances de aproveitar a córnea doada até o final de sua vida. Transplantes precoces, "podem" gerar a necessidade de um novo transplante depois de 20 ou 30 anos, dependendo do caso. Em alguns casos não existe outra alternativa, assim o paciente deve fazer revisões ao menos uma ou duas vezes por ano com o seu oftalmologista, realizar exames de microscopia especular para contagem de células endoteliais e observar a transparência da córnea (enxerto).
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Felizmente as técnicas de transplante de córnea tiveram uma grande evolução nesta última década, e os atuais métodos permitem em alguns casos uma recuperação mais rápida e resultados cada vez melhores. Para citar a ceratoplastia lamelar, a penetrante e finalmente o Intralase possibilitam resultados cada vez melhores. Os bancos de olhos do país também estão melhorando a cada dia o sistema de captação de córneas, as técnicas de enucleação e de conservação de córneas também tiveram um aumento de qualidade com a adoção de novas práticas orientadas por protocolos mais cuidadosos. A conscientização da população quanto a necessidade de doar orgãos também é maior hoje, possibilitando que vidas sejam salvas e que a visão possa ser reestabelecida a muitos que precisam. É importante salientar que o ceratocone não é a única patologia que pode levar um paciente ao transplante de córnea, existem outras distrofias da córnea que tem indicação de transplante ou da adaptação de lentes de contato especiais RGPs esclerais ou semi-esclerais.
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É importante tranquilizar os pacientes diagnosticados com ceratocone de que existe uma luz no fim do túnel, e que esta luz não é um trem vindo em sua direção. Não importa em que estágio esteja, há uma alternativa de tratamento e a procura por oftalmologistas especializados nesta patologia nem sempre é fácil. Há excelentes médicos oftalmologistas que atuam em outras sub-especializades, felizmente eles geralmente indicam o paciente para um colega que domina esta sub-especialidade da reabilitação visual de ectasias corneanas como o ceratocone.
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Espero contribuir um pouco no esclarecimento destas questões, obrigado pela sua atenção.

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Luciano Bastos *
Instituto de Olhos Dr. Saul Bastos - Porto Alegre

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*Luciano Bastos é Diretor de tecnologia do IOSB, especialista em design, fabricação, modificação e adaptação de lentes de contato especiais para reabilitação visual de pacientes com córneas irregulares, tais como ceratocone, seqüelas de cirurgia refrativa, pós-transplante de córnea e pós-trauma. Diretor da Ultralentes, empresa especializada na fabricação de lentes de contato especiais, Membro do CLMA (Contact Lens Manufacturers Associations - EUA), Membro do RGPLI (Rigid Gas Permeable Lens Institute - EUA), Membro do CLSA (Contact Lens Society of América - EUA), Membro da BCLA University (British Contact Lens Association - Reino Unido) e Técnico Especializado em Lentes de Contato pela CLAO (Contact Lens Association of Ophthalmologists - EUA). Faz pesquisa clínica e científica na área de reabilitação visual com uso de lentes de contato especiais, junto a oftalmologistas especializados.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Ceratocone tem cura?

É comum que esta pergunta seja feita pelo paciente, familiares e amigos próximos principalmente quando o diagnóstico é recente. A primeira questão que vem a cabeça do paciente quando recebe tal diagóstico é a se existe um tratamento que irá curar o ceratocone, misturado com sentimentos que variam entre a raiva, decepção, perplexidade e o desencanto.
Isso ao menos até que o paciente saiba que existem tratamentos que se não curam amenizam ou corrigem o problema de deficiência de visão, que iniciam pelos óculos e vão até as lentes de contato, e as alternativas cirúrgicas e tratamentos menos invasivos como implante de anel intracorneano e o crosslinking de colágeno de córnea com riboflavina. E naturalmente o transplante de córnea, que é um procedimento bastante invasivo mas que felizmente apenas cerca de 5% dos pacientes com ceratocone irão precisar, pois o ceratocone não evolui para sempre. Em outros tópicos deste blog há bastante informação sobre estas questões.
Recentemente descobri uma técnica que está sendo utilizada nos EUA para a correção de hipercorreção decorrente de cirurgia refrativa, onde o paciente era miope e tornou-se hipermétrope após a cirurgia. O método, chamado CLAPIKS consiste na utilização de um medicamento anti-inflamatório para "amaciar" a córnea e de uma lente gelatinosa que irá moldar a curvatura corneana de maneira que o paciente possa zerar e esta hipercorreção, ficando próximo do zero que era o objetivo inicial.
Qual a relação entre o CLAPIKS e o ceratocone?
Estudando a técnica do CLAPIKS pude estabelecer uma relação entre os resultados obtidos com esta técnica e outro estudo que venho fazendo sobre o que chamo de Conformal Orthokeratology following CXL, que consiste na utilização de lentes RGPs especiais para diminuir ao máximo as irregularidades da córnea com ceratocone e a posterior aplicação do crosslinking (CXL).
Entretanto, apesar de que os estudos já realizados por alguns pesquisadores demonstrem que há melhora da acuidade visual de duas a três linhas (tabela de Snellen), o formato ou a topografia do paciente retornava aos padrões anteriores ao tratamento. Ou seja, há melhora da visão mas não há um melhor padrão topográfico corneano, ao menos não significativo.
Esboço de um Protocolo de Técnica Sequencial
Examinando detalhadamente e minunciosamente os estudos envolvendo estas técnicas, acabei por simples exercício da lógica, formulando uma idéia que pode utilizar estas técnicas de forma associada e sequencial. Estou convidando alguns especialistas no Brasil, nos EUA e na Europa para examinarem a viabilidade e a possibilidade de um estudo sério sobre o assunto, pois se a teoria confirmar-se na prática este pode ser um importante passo no tratamento do ceratocone e até mesmo de uma possível "cura" nos estágios iniciais quando este ainda não está avançado. Nos casos onde o ceratocone for mais avançado, há uma grande chance de obter melhoras de acuidade visual de mais de três linhas de visão e da interrupção da progressão da patologia caso esta estiver em episódios de evolução seguidos.
É importante salientar que este esboço ou proposta de estudo que fiz é absolutamente desprentensioso, visa somente extravazar uma interpretação leiga porém lógica, das pesquisas que fiz nos últimos meses e a junção de idéias de diferentes autores médicos e que conduziram experiências clínicas com resultados comprobatórios. É uma idéia que eu espero que seja analisada criteriosamente e comentada. É possível que existam detalhes não observados que impeçam ou dificultem a sua aplicação, é preciso que seja estudada a questão com maior profundidade pelos médicos oftalmologistas.
Até o momento não existe e não há absolutamente nenhum estudo registrado sobre a técnica que vislumbrei e que denominei de CLAPIKS associated with CCO following CXL. As siglas significam:
CLAPIKS = Contact Lens Assisted Pharmacology Induced Kerato Shaping
CCO = Conformal Controlled Orthokeratology
CXL = Collagen Crosslinking with Riboflavine (under UV ray)
Para maiores detalhes sobre esta proposta de tratamento por favor cliquem no link abaixo para entrar no Fórum Ultralentes.

Obrigado pelo seu interesse.
Luciano Bastos

domingo, 4 de janeiro de 2009

Estatística sobre o ceratocone no Brasil

Este estudo foi feito com enquetes postadas por membros da Comunidade Ceratocone e Tratamentos no Orkut, com mais de 3700 membros. Como existe uma amostragem significativa para grande parte das pesquisas propostas por alguns de seus membros, é válida a análise e os comentários.

1. Como você trata o ceratocone (Amostragem 233 pacientes)

18% dos pacientes utilizam óculos como forma de tratamento para corrigir a deficiência de visão.

60% dos pacientes usam lentes de contato como forma de corrigir a visão no ceratocone, sendo que:

  • 48% Utilizam lentes rígidas (Rígidas Gás Permeáveis);
  • 10% Utilizam lentes gelatinosas (hidrofílicas);
  • 2% Aproximadamente utilizam o sistema piggyback (lente rígida sobre uma gelatinosa)
  • 6% dos pacientes fizeram implante de anéis intraestromais.
  • 7% dos pacientes submeteram-se ao transplante de córnea.
  • 8% dos pacientes fizeram tratamentos diferentes em épocas distintas ou tratamentos diferentes em um olho e no outro, em relação a lentes e a procedimentos cirúrgicos, com maior incidência de relatos de uso de lentes rígidas e de transplantes.
  • Uma pequena amostragem de casos (menor que 1%) referem terem submetido-se ao tratamento crosslinking (CXL), isso é natural uma vez que o tratamento apenas está começando no Brasil.

Comentários:

A mais natural forma de tratamento para a visão no ceratocone ainda são os óculos e as lentes de contato. Como trata-se de uma córnea com maior irregularidade é necessário que o oftalmologista faça uma refração muito precisa e que as lentes de contato sejam bem adaptadas para que os resultados possam ser benéficos para o paciente. Felizmente o ceratocone não evolui para sempre em todos os casos, apenas 5% aproximadamente irão precisar de transplante de córnea, logo os óculos e as lentes de contato (principalmente as rígidas) ainda serão os mais importantes meios de tratamento da correção visual no ceratocone.

Embora a técnica do crosslinking (CXL) seja promissora, ela não cura mas estabiliza a córnea, em alguns casos reduzindo em parte o astigmatismo irregular, mas ainda assim os óculos ou lentes de contato serão necessários em casos não iniciais. Este procedimento poderá ser utilizado eventualmente em conjunto com implante de anéis e cirurgia refrativa, para tentar obter melhores resultados. A questão é qual será a resposta fisiológica da córnea a tantos procedimentos?

2. Ceratocone bilateral ou unilateral (amostragem 186 pacientes)

10% dos pacientes responderam que tem ceratocone em apenas um dos olhos.

84% responderam que tem ceratocone em ambos os olhos.

6% dos pacientes relataram ter ceratocone em um dos olhos e miopia e ou astigmatismo no outro.

Segundo a pesquisa, em torno de 85% dos casos o ceratocone é bilateral e em cerca de 15% unilateral. Possivelmente dentro destes 15% de casos unilaterais possa haver casos de ceratocone sub-clínico ou frusto (não manifestado).

Comentários:

A correta definição do ceratocone quanto a bilateralidade é que a patologia é geralmente bilateral (cerca de 85% dos casos) e não sempre bilateral.3.

3. Quantos oftalmologistas os pacientes consultaram (amostragem = 204 pacientes)

11% dos pacientes consultaram apenas com um oftalmologista para tratar o ceratocone, logo 89% consultaram dois ou mais médicos a procura de tratamento.

19% dos pacientes consultaram com dois oftalmologistas a procura de tratamento para o ceratocone, e 11% foram em apenas um, logo 70% dos pacientes procuraram três ou mais oftalmologistas.

18% dos pacientes procuraram três oftalmologistas para tratar o ceratocone (11% foram em apenas um, 19% foram em dois oftalmologistas), logo 52% dos pacientes foram em quatro ou mais oftalmologistas.

12% dos pacientes foram a quatro oftalmologistas (11% foram em um, 19% foram em dois, 18% foram em três), logo 40% dos pacientes foram em cinco ou mais oftalmologistas.

14% dos pacientes foram a cinco oftalmologistas (11% foram em um, 19% foram em dois, 18% foram em três, 12% foram em quatro), logo 26% dos pacientes foram a seis ou mais oftalmologistas.

14% dos pacientes foram a seis ou mais oftalmologistas (11% foram em um, 19% foram em dois, 18% foram em três, 12% foram em quatro e outros 14% foram a mais de seis oftalmologistas).

12% dos pacientes foram a mais de 10 médicos ou clínicas em busca de tratamento para o ceratocone.

Comentários:

De maneira geral, cerca de 52%, praticamente a metade dos pacientes que responderam a questão consultaram com quatro ou mais oftalmologistas. Esta estatística, embora naturalmente possa variar de um estado ou região para outra, mostra que mesmo o paciente procurando um excelente oftalmologista, talvez este médico não seja especializado no tratamento do ceratocone, mesmo sendo um excelente profissional em outras áreas da oftalmologia, ele não conseguiu resolver satisfatoriamente o problema do paciente. Uma boa explicação para isso encontra-se no artigo “7 coisas que você deveria saber sobre ceratocone... mas não sabe!”- Luciano Bastos (IOSB - Novembro de 2008).

4. Avaliação da Comunidade Ceratocone e Tratamentos no Orkut (amostragem 175 pacientes)

73% dos membros acham a comunidade excelente, informativa e útil.

17% dos membros acham a comunidade muito boa, mas que pode melhorar.

6% dos membros acham a comunidade boa, mas que tem coisas que podem melhorar.

1% dos membros acha a comunidade mais ou menos (2 votos).

Menos de 0.5%% dos membros acha a comunidade ruim (1 voto).

1% dos membros acha a comunidade péssima e que tem que mudar muitas coisas (2 votos).

Comentários:

Os resultados são auto-explicativos, cerca de 98% dos membros acham a comunidade no mínimo boa, cerca de 90% acham a comunidade muito boa ou excelente. Foi solicitado aos membros que não estivessem plenamente satisfeitos com a comunidade que postassem sugestões, críticas e reclamações que pudesse ajudar a melhorar ainda mais, mas não houve nenhum comentário. Por outro lado, comentários e depoismentos elogiando a comunidade foram abundantes.5.

5. Como você classifica suas lentes RGPs (amostragem = 170 pacientes)

25% dos pacientes responderam que não conseguem usar ou que não se adaptaram as lentes RGPs desistindo das mesmas.

13% dos pacientes responderam que acham suas lentes péssimas mas que tentam usar.

2% dos pacientes responderam que usam mas fazendo uso constante de lubrificantes em forma de lágrimas artificiais.

21% dos pacientes responderam que acham as lentes mais ou menos boas, as vezes elas estão bem e outras vezes não.

4% dos pacientes fazem uso do piggyback (lente gelatinosa embaixo da RGP) para poderem usar.

16% dos pacientes acham suas RGPs muito boas e usam as mesmas sem problemas.

15% dos pacientes acham suas RGPs excelentes e nem sentem que estão usando tal é o conforto proporcionado.

Comentários:

Cerca de 31% dos pacientes referem bons resultados com suas lentes RGPs, isso significa que existem lentes RGPs boas e que existem profissionais fazendo um bom trabalho. Entretanto observamos que em aproximadamente 70% dos casos os pacientes tem, ou tiveram problemas ou absoluta intolerância as lentes RGPs recorrendo a outra alternativa.

A explicação para este fenômeno é que grande parte dos fabricantes não tem a consistência para reproduzir fidedignamente desenhos de lentes que sejam confortáveis, e que a maior parte dos profissionais oftalmologistas, adaptadores de lentes não detém todo o conhecimento necessário para fazer adaptações de lentes RGps com sucesso, observa-se inclusive que muitos utilizam conceitos e técnicas obsoletas e antigas (e que continuam a ser difundidas). Quanto maior o número de lentes que um profissional tem que testar maior é a sua insegurança e dúvida, e se ele não fizer isso estará sujeito a planejar uma lente inadequada da mesma forma.

A constante atualização que muito falta nessa área somada à inconsistência na fabricação de lentes RGPs é que determina estes índices de insatisfação altos. É preciso saber que olhos vermelhos, lacrimejamento excessivo, lentes que deslocam facilmente ou não se movem e que machucam a córnea e as pálpebras não são lentes boas e nem bem adaptadas, mas isso pode ser corrigido se o paciente for em um especialista que domineesta fina arte da adaptação de lentes RGPs.

É inegável que a questão do conforto das lentes RGPs para o ceratocone é um problema no mundo inteiro, na realidade são poucos os profissionais que tem todo o conhecimento e condições técnicas (equipamentos) para fazer adaptações personalizadas destas lentes em suas clínicas. Aqueles pacientes que tem a sorte de encontrar estes profissionais que podem (e sabem como) realizar modificações nas lentes RGPs quando necessário ou que contam com um consultor especializado junto ao fabricante obtém resultados melhores que aqueles que apenas solicitam as lentes de outro fabricante.

É salutar lembrar que as lentes RGPs, de boa qualidade e bem planejadas, são as que oferecem os melhores resultados para o paciente, proporcionando uma boa acuidade visual, conforto e principalmente mantendo a saúde fisiológica da córnea. Junto a isso, o paciente tem que fazer revisões anuais preferencialmente para que seu caso seja devidamente acompanhado.

6. Incidência do ceratocone quanto ao lado mais afetado (amostragem = 313 pacientes)

5,5% dos pacientes têm ceratocone somente no olho direito (unilateral).

7,5% dos pacientes têm ceratocone somente no olho esquerdo (unilateral).

12,5% dos pacientes têm nos dois olhos parecidos.

36,5% dos pacientes têm o ceratocone mais avançado no olho direito.

37,5% dos pacientes têm o ceratocone mais avançado no olho esquerdo.

1,5% dos pacientes não souberam responder.

Comentários:

Os dados obtidos confirmam que o ceratocone é bilateral em aproximadamente 85% dos casos e unilateral em aproximadamente 15% dos casos. Não houve uma significativa diferença estatística de olho direito ou esquerdo na incidência do ceratocone e nem de um lado mais afetado que o outro, o que leva a conclusão de que ambos os olhos podem ser atingidos com maior ou menor intensidade.

Entretanto observa-se que em aproximadamente 74% dos casos de ceratocone bilateral, existe um lado mais avançado que o outro (seja direito ou esquerdo), e que em apenas 12% dos casos o ceratocone é semelhante. Esta informação é interessante, pois demonstra que na maior parte dos casos o ceratocone é maior em um lado que no outro. As razões disso são desconhecidas, mas é um fato incontestável.Outros fatores que podem influenciar um pouco os resultados são pacientes que submeteram-se a intervenções cirúrgicas como implante de segmentos de anel intracorneano, crosslinking (CXL) ou transplante de córnea (TX). Mas estas variações devem ser mínimas devido a grande qualidade e a quantidade da amostragem obtida.

7. O emprego e o ceratocone (amostragem = 219 pacientes)

9% dos pacientes relataram que não tem emprego ou que nem procuram devido ao problema.

2% dos pacientes estão desempregados por causa do ceratocone e são descatrados devido ao problema.

10% dos pacientes relatam já ter perdido um emprego devido ao ceratocone.

3% dos pacientes relatam já ter perdido dois ou mais empregos devido ao ceratocone.

19% dos pacientes estão atualmente empregados mas tem forte preocupação de perder o emprego devido ao ceratocone.

12% dos pacientes relatam já terem conversado com seus superiores e que estão com seu emprego garantido.

4% dos pacientes declararam estar em processo de CLT protegida.

38% dos pacientes não souberam opinar a respeito.

Comentários:

As respostas deste estudo foram com opções de múltipla escolha, mas é evidente que o ceratocone é uma patologia limitadora para o paciente, que dificulta sua vida profissional além de sua vida pessoal. Veja que cerca de 25% dos pacientes têm ou tiveram algum tipo de problema de demissão em razão de sua condição visual.

Cerca de 35% dos pacientes nesta amostragem estão empregados, sendo que destes 4% estão em processo de CLT protegida, 12% conversaram com seus superiores e tem alguma garantia de apoio e de permanência no emprego, enquanto 19% dos pacientes tem absoluta preocupação de perderem seu emprego devido ao ceratocone.

Já os 38% que não souberam opinar a respeito incluem os jovens estudantes que ainda não ingressaram no mercado de trabalho, profissionais liberais, funcionários públicos ou pessoas que trabalham em seus lares ou que tem apoio de familiares, entre outros.

8. Ceratocone e Hereditariedade (amostragem = 283 pacientes)

A pergunta foi se há algum parente com ceratocone e se é ascendente ou descendente.

16% dos pacientes relataram que sim, e são ascendentes.

12% dos pacientes relataram que sim, e são descendentes.

71% dos pacientes relataram que não tem parentes com ceratocone.

Comentários:

As causas do ceratocone continuam sem uma resposta concreta apesar da intensiva investigação clínica e científica realizada em vários países. O ceratocone geralmente é uma condição isolada, embora existam relatos onde estão associadas outras patologias. A Dra. M. Cristina Kenney, MD, PhD apresentou sua teoria na qual uma seqüência de eventos ocorrem que resulta no desenvolvimento do ceratocone. Ela divulgou que aproximadamente dez diferentes cromossomos estão associados com o ceratocone e que é bastante provável que o ceratocone tenha múltiplos genes envolvidos que levam a um padrão final comum, o qual ela nomeou "Padrão de Estresse Oxidativo" (OSP-Oxidative Stress Pathway).

A genética é apontada como a origem do ceratocone, embora nem sempre indivíduos de uma mesma família tenham a patologia, possivelmente alguns familiares simplesmente tenham os genes do ceratocone em sua forma recessiva, e nunca venham a desenvolver a patologia. Leia mais sobre este assunto no link a seguir:

viewtopic.php?f=1&t=188

9. Rinite alérgica associada ao ceratocone (amostragem = 224 pacientes)

Pergunta: Você tem rinite alérgica? Coça muito os olhos?

22% dos pacientes relataram que tem rinite alérgica crônica e que coçam os olhos constantemente.

33% dos pacientes relataram que tem rinite alérgica freqüente e que coçam os olhos durante as crises.

22% dos pacientes relataram que tem rinite alérgica sazonal e que nestas épocas coçam os olhos com maior freqüência.

4% dos pacientes relataram que raramente tem rinite e que quando tem coçam os olhos.

16% dos pacientes relataram que não tem ou nunca tiveram rinite alérgica.

Comentários:

Em meio aos comentários feitos nesta pesquisa, existem relatos de pacientes que dizem não ter rinite mas que coçavam os olhos após ou com o uso de lentes o problema agrava. Nesta questão específica, temos que voltar a questão da qualidade das lentes muitas vezes não muito boa que podem desencadear este sintoma, mas não entrará na análise estatística. Em nossa experiência no IOSB a incidência de coceira nos olhos associada ao uso das lentes Ultracone é muito baixo, menos de 2%.Observe que 77% dos pacientes referem rinite, desde certas épocas do ano aos casos crônicos.

A teoria de que o ato de coçar os olhos tem implicação direta no desenvolvimento do ceratocone não pode ser desprezada. Os pacientes com ceratocone que referem rinite alérgica devem ser tratados de forma sistêmica, com a ajuda do oftalmologista e um alergólogo (ou alergista) ou de um otorrinolaringologista especializado em alergias das vias aéreas.

10. Experiência com Piggyback (gelatinosa embaixo da rígida) – (amostragem = 54 pacientes)

12% dos pacientes relatam usar sem problemas, foi a solução para poderem usar lentes.

20% dos pacientes relatam que não conseguiram usar ou que conseguiram por algum tempo até desenvolverem intolerância as lentes gelatinosas.

9% dos pacientes relataram estarem usando há pouco tempo, considerando cedo para emitir uma opinião.

58% dos pacientes relataram não precisarem recorrer ao piggyback pois estão bem com suas lentes RGPs.

Comentários:

Apesar da amostragem baixa (54 pacientes), considero importante divulgar os resultados e deixar um depoimento pessoal de nossa experiência no assunto. Os resultados não são excelentes, isso é fato. Em alguns casos pode ajudar a pacientes com excessiva sensibilidade (raros casos, na maior parte são problemas nas lentes mesmo), mas a tendência é que surjam as tão conhecidas complicações de uso de lentes hidrofílicas e descartáveis, e mesmo com as de silicone hidrogel.

O que mais temos observado nestas últimas duas décadas é pacientes usuários de lentes gelatinosas que desenvolvem intolerância ao seu uso. No IOSB recebemos muitos desses pacientes para readaptação com lentes RGPs, que não provocam esta alergia das lentes hidrofílicas gelatinosas. Pela nossa experiência, a maior parte dos usuários de lentes gelatinosas, mesmo as descartáveis e até as novas lentes de silicone hidrogel, irão desenvolver em mais ou menos tempo intolerância ao uso de lentes. No piggyback isso não é diferente, o uso de lentes gelatinosas provoca com o tempo hipoxia corneana, a formação de neovasos é uma resposta fisiológica da córnea, que está sendo sacrificada pela privação de oxigênio suficiente para seu equilíbrio.

Outro sintoma presente é a perda de transparência da córnea devido ao edema leve que vai se formando com o tempo. Uma queixa freqüente é a perda de qualidade visual devido a um menor contraste. Na minha opimião, considero que o piggyback é uma técnica válida, principalmente nos casos daquerles profissionais que não contam com boas lentes RGPs e que não contam com assessoria e consultoria especializada do fabricante. É uma técnica cara e complicada para o paciente mas que representa uma solução paliativa que resolve bem o problema do médico não conseguir adaptar lentes rígidas. O problema é que o paciente tem um custo bastante elevado com dois pares de lentes e dois diferentes sistemas de limpeza, assepsia e conservação. Sem falar no tempo que demanda todos estes cuidados.

No IOSB temos um número considerável de pacientes com ceratocone, a clínica é especializada no assunto há mais de 45 anos, e nunca até hoje foi necessário fazer adaptação por este método. Todos nossos pacientes usam lentes RGPs Ultracone ou as RGPs Asféricas Ultralentes sem problemas e lembrando que o IOSB recebe entre 30 a 40 pacientes por semana de lentes de contato rígidas, a maior parte destes pacientes são casos de ceratocone.

A conclusão é de que o piggyback é válido quando não se dispõe de lentes RGPs de maior qualidade e tecnologia, é uma técnica utilizada mundialmente e é mais fácil para o profissional fazer uso deste recurso, repassando o custo para o paciente resolvendo o problema, embora de forma paliativa.

11. Você sabe a marca de suas lentes? (amostragem = 110 pacientes)

12% dos pacientes relataram que suas lentes são Ultracone, da Ultralentes.

14% dos pacientes relataram que suas lentes são da Solótica.

9% dos pacientes relataram que suas lentes são Soper (não sabem qual o fabricante).

5% dos pacientes relataram que suas lentes são híbridas mas não sabem informar que marca.

13% dos pacientes relataram que suas lentes são de outra fabricação, entre elas Rose K, Perfect Keratoconus, Softperm e Dupla-face.

24% dos pacientes relataram que pagam, mas não sabem o que estão levando.

20% dos pacientes não sabiam disso e nunca haviam pensado nisso.

Comentários:

Esta pesquisa não reflete de maneira geral o quadro nacional, as lentes Ultracone por exemplo são muito discutidas porque a comunidade Ceratocone e Tratamentos é uma exceção, é a comunidade mais bem informada sobre ceratocone no Brasil e possivelmente na América Latina.

Mas podemos observar que de maneira geral, mesmo com a proteção das leis do código do consumidor, ainda é muito alta a desinformação sobre quais as lentes o médico trabalha e que está adaptando no paciente. Na era da informação e de pacientes cada vez mais bem informados, é um direito do paciente de saber a lente que ele está usando. A Ultralentes está preparando um certificado de autenticidade de produto para as lentes Ultracone em todas as suas variações e nas demais lentes como a Ultraflat, que poderá ser disponibilizada ao paciente, sem as informações técnicas, apenas o nome do paciente e certificando que ele usa uma RGP Ultracone, por exemplo.

Desde que foi criada a comunidade Ceratocone e Tratamentos no Orkut os portadores de ceratocone tem ao seu dispor uma fonte rica e precisa de informações pertientes a essa patologia, os tratamentos disponíveis, as características, dificuldades e dicas de como superar as adversidades que o ceratocone apresenta para estes pacientes.

12. Qual o seu percentual de visão sem correção? (amostragem = 149 pacientes)

16% dos pacientes relataram ter visão igual ou melhor que 20/40 (80% ou superior aproximadamente).

27% dos pacientes relataram ter visão entre 20/40 e 20/60 (60% de visão aproximadamente).

36% dos pacientes relataram ter visão entre 20/60 e 20/80 (40% de visão aproximadamente).

19% dos pacientes relataram ter visão entre 20/80 e 20/200 ou inferior (Menos de 40% a 10% ou menos aproximadamente)

Comentários:

Embora não seja exatamente precisa a transformação dos valores da tabela de Snellen em valores percentuais, muitos médicos, profissisonais da área de saúde e mesmo pacientes utilizam estes valores percentuais para tentar definir a sua visão, por exemplo sem e com correção óptica (óculos ou lentes de contato). Dentro desta idéia, procuro aqui adaptar as respostas a esta pesquisa (enquete) realizada na comunidade de Ceratocone e Tratamentos do Orkut para que possamos ter uma amostragem do quadro nacional (como se fosse possível) da gravidade da patologia entre seus portadores.

É natural que esta abordagem possa conter vícios e erros uma vez que a amostragem é feita com um grande número de variáveis, seja a idade dos participantes, a região de onde são, se tiveram procedimentos cirúrgicos prévios, entre outras coisas como a simples dificuldade em quantificar a sua deficiência de visão em um valor o mais próximo do correto. Estamos sujeitos a imperfeições e equívocos da subjetividade da questão como um todo. Ao menos, a enquete foi bem formulada ao permitir que as respostas fossem de múltipla escolha, permitindo aos participantes responderem sobre a acuidade visual sem correção no olho direito e no olho esquerdo, isso dá uma maior precisão de certa forma aos resultados. Vamos analisar estes dados:

Cerca de 16% dos olhos destes pacientes tem condições de obter uma visão razoável com óculos, desde que sejam preenchidos certos requisitos (ver comentários a seguir). Geralmente os casos onde o paciente tem ceratocone unilateral ou aqueles que tem ceratocone brando em um dos olhos e mais avançado no outro olho, é observado que o paciente reluta em utilizar meios de correção óptica pois tem uma acuidade visual boa ou razoável em pelo menos um dos olhos. Estes pacientes muitas vezes deixam passar muito tempo até que resolvam ir ao oftalmologista determinados a encontrar uma solução para o problema do olho pior, pois o outro olho resolve parcialmente bem o problema da visão. Estes pacientes podem ter problemas com a visão lateral (definição de imagem no campo de visão do lado do olho pior), podem ter dificuldades na percepção da distância dos objetos e podem desenvolver estrabismo com o passar do tempo devido ao fato de não utilizarem um dos olhos.É comum que estes pacientes tenham uma progressão do caso, e que quando decidem fazer a adaptação de lentes, o olho fica "preguiçoso" e a melhor acuidade visual fica comprometida, mesmo que a córnea seja cristalina, sem opacidades e cicatrizes.

Aproximadamente 82% dos olhos destes pacientes tem uma visão muito ruim (digo olhos porque o outro pode ser melhor) que atrapalha sua vida pessoal, estudantil e profissional caso não utilizem um meio de correção óptico. Seria necessário uma outra enquete (fica a sugestão) de avaliar como o ceratocone afeta a vida destes pacientes. Mas os dados são importantes pois mostram que o ceratocone de alguma forma afeta muito a vida do paciente, e os meios de correção óptica como os óculos (quando possível, ver comentário posterior) e as lentes de contato ajudam de maneira fundamental para que eles possam levar uma vida normal e serem mais atuantes em geral.

Cerca de 55% dos olhos não tem condições de ver nenhuma imagem com perfeição. A partir de 20/60 a visão passa a ser bastante borrada e dificulta até mesmo a distinguir as cores. Os pacientes com ceratocone de grau II e III estão nesta faixa de visão sem correção óptica. Alguns conseguem, desde que feita um exame de refração muito preciso, utilizar óculos e ter uma acuidade visual razoável, mas nem sempre se consegue estes resultados, depende do paciente, do médico, da óptica que irá aviar a receita do oftalmologista e do laboratório óptico que irá produzir as lentes e montar os óculos. Veja como existe um número razoável de passos e os resultados finais dependem de todo este processo. Já os ceratocones mais avançados não se consegue obter resultados satisfatórios.

Cerca de 19% dos olhos dos pacientes desta amostragem não tem a menor condição de ver e compreender uma imagem, somente com o uso de lentes especiais de alta performance para o ceratocone que é possível reestabelecer a visão, ou então submetendo-os a cirurgia de transplante de córnea e aguardando os resultados. Estes pacientes tem ceratocone entre os graus IV e possivelmente grau V como atualmente definimos no IOSB (ver considerações sobre este assunto em outro tópico no fórum Ultralentes, caso se interesse).

Pacientes que tem ceratocone avançado e não procuram tratamento em tempo tem seus problemas dificultados no momento em que decidem fazer a adaptação de lentes por exemplo. É comum encontrar pacientes com estrabismo (início ou já estabelecido) e também a correção óptica pode ficar prejudicada, sendo as vezes possível que com condicionamento e treinamento do cérebro para voltar a interpretar a imagem com correção, volte a responder de acordo e assim o paciente possa obter uma melhora em sua acuidade visual.

Luciano Bastos*

Texto originalmente postado no Fórum Ultralentes (Clique no nome para ir ao fórum)

*Luciano Bastos é diretor da Ultralentes e do IOSB, membro internacional da Contact Lens Manufacturers Association (CLMA), membro do Gas Permeable Lens Institute (GPLI), membro da Contact Lens Society of America (CLSA University), membro da British Contact Lens Association (BCLA), consultor em lentes RGPs para oftalmologistas e é administrador do Fórum Ultralentes de Reabilitação Visual.